A Grande Sereia de Budapeste
Ela era linda e imensa. Eu a encontrei flutuando sem esforço na piscina do lado direito, águas precisamente aquecidas a 40ºC, dentro das paredes históricas dos Banhos Gellért em Budapeste. Um spa centenário repleto de fantasmas da Art Nouveau.
Eu não sabia nada sobre ela, e ela não tinha motivo algum para reconhecer minha presença. Ainda assim, não conseguia ignorar o espetáculo visual que se desdobrava diante de mim.
Ela era jovem, não mais que 25, talvez 27 anos. Seu pequeno biquíni preto moldava-se às suas curvas como se fosse nada. Uma mulher jovial de proporções enormes. Alta—muito alta—com a pele tão pálida quanto leite. A mulher mais alta, mais pálida e mais voluptuosa que eu já havia visto na Hungria.
Suspensa sobre as águas ricas em minerais naquele santuário sombrio, ela permanecia cercada por mosaicos intricados, colunas de mármore e vitrais coloridos.
Apesar do tamanho, ela parecia completamente leve—em corpo e espírito, limpa e serena. Intocada pelas preocupações, como se os problemas do mundo fossem distantes e insignificantes.
Eu não conseguia me mexer. Do meu posto ao lado da piscina de 36ºC, eu a observava, hipnotizado, me perguntando como alguém tão fisicamente imponente poderia exalar tamanha leveza etérea. Ela era serena, de outro mundo, incrivelmente bela.
De repente, me vi compartilhando o mesmo tanque. Observando de uma distância segura, mas mais próximo do que nunca.
Da água, eu conseguia ver apenas seu rosto, sua barriga lisa e um par de majestosos seios volumosos, lutando uma batalha perdida contra o apertado top do quase microscópico biquíni preto.
E então aconteceu. Seus olhos se abriram, e ela se ergueu graciosamente do repouso. Nadou até os cinco degraus que guiavam para fora e lentamente deixou nosso novo mundo.
Ainda alheia à minha existência, ela foi embora.
E eu nunca mais a vi—a bela e grande sereia de Budapeste. Para sempre em minha memória.
P.S.: Estou a caminho da Croácia. Você já foi? Desejo a você e sua família um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo. Que 2025 esteja mais recheado de Cabra Mails.
Como sempre, você me encontra no 𝕏
Rodrigo Bressane
Muito bom